Parece que foi ontem que eu estava nessa mesma época do ano acompanhando os tão falados Upfronts para a temporada 2011/2012. Muita coisa nova sendo apresentada, e eu logo me interessei por algumas... Mas lembro claramente de uma unanimidade à época: que a ABC estava louca ao aprovar uma série com personagens de contos de fada no mundo de hoje. Com certeza era a bomba da temporada.
O tempo passou, a Fall Season finalmente começou e lá fomos todos ver o Piloto de Once Upon A Time. E mais uma unanimidade havia se formado: todos estávamos enganados e a bomba não era tão explosiva quanto pensávamos, pelo menos não no mal sentido.
A premissa da série é ao mesmo tempo simples e confusa. Em algum momento nas histórias de contos de fada a Rainha Má lançou uma maldição que transportou todos os personagens para a pequena cidade de Storybrooke, onde nenhum deles lembrava de sua vida antes de irem parar lá. A única capaz de quebrar a maldição é Emma, a filha da Branca de Neve com o Príncipe Encantado, que foi mandada para nosso mundo antes da maldição.
Parece meio viajado demais, não? Mas ao desenrolar dos episódios, que seguem uma estrutura narrativa que intercala os eventos em Storybrooke com o passado dos personagens no mundo dos contos de fada, vamos nos habituando à esta aparente loucura. Vemos Emma chegar a Storybrooke por meio de Henry, o filho que ela deu para a adoção há muitos anos, e que foi parar justamente como filho de Regina, nossa querida Rainha Má. A partir da chegada de Emma, as coisas começam a mudar na pequena cidade e uma jornada para que ela aceite seu papel de salvadora, passando por, em primeiro lugar, acreditar que existe a tal maldição.
O maior feito da série foi reinventar um tema tão batido e explorado, mostrando mais sobre a Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau que os livros contam, por exemplo, dando uma profundidade muito maior a estes personagens que conhecemos tão bem desde sempre. Em um dos episódios, só para citar, somos apresentados ao Chapeleiro Maluco, mas nenhuma referência a Alice é feita, pois o episódio é sobre ele e como ele se tornou o personagem que conhecemos. O mesmo é feito com o anão Zangado, com o Grilo Falante, e com muitos outros.
Como nem tudo são flores, Once Upon A Time tem um grande problema, que, diria eu, é comum a todas as séries da ABC: seus efeitos especiais são sofríveis. O uso do Chroma Key é mal feito e a montagem é descarada e nem um pouco discreta. É algo que melhora um pouco com o correr dos episódios, mas ainda está longe de ser superado. Mas, acreditem, o roteiro compensa bastante e faz você esquecer destes detalhes bobos.
Outro ponto forte da série é seu elenco, tanto de protagonistas quanto de convidados. Jennifer Morrison (House) encontrou o ponto certo para sua cética Emma Swan, Lana Parrilla (24 Horas, Miami Medical) faz uma Rainha Má / Regina que todos adoram odiar, Ginnifer Goodwin (Big Love) literalmente se desdobra para fazer uma Branca de Neve guerreira nos contos de fada e Mary Margareth, uma professora doce e sonhadora, em Storybrooke. Mas a maior unanimidade está em Robert Carlyle (Stargate Universe), com seu dúbio e onipresente Mr. Gold / Rumplestiltskin.
Once Upon A Time foi, definitivamente, uma das maiores (se não a maior) surpresas desta temporada que vem acabando. Com muitas reviravoltas, um roteiro que prende e surpreende, conquistou seu espaço e volta com uma segunda temporada onde tudo pode acontecer. O que nos resta agora é esperar para vermos o bem e o mal continuarem a travar sua batalha, cada vez mais viciados nessa série que, definitivamente, encantou a todos.
Escrito por Pedro Neves
Fonte: Caldeirão de Séries
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