sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Seriados que amo - Once Upon A Time

Material retirado do Actions & Comics


Once Upon a Time…


Ou: “Era uma vez, um Santuário com tevê à cabo”!
Aviso! Contém alguns spoilers revelações sobre a história.
Por Rodrigo Henry Garrit
Os clássicos contos de fadas estão de volta, mais uma vez reinventados para um novo público. Confesso que sou avesso a essas reinvenções, porque em noventa por cento dos casos, sempre dá tudo errado. Raras são as interpretações que funcionam… eu poderia citar a série em quadrinhos “Fábulas” da DC/Vertigo como um exemplo bem sucedido de adaptação desses personagens para os dias de hoje. Inclusive, são inegáveis as semelhanças entre os quadrinhos de Fábulas com a série “Once Upon a Time”. Afinal, estamos falando de personagens clássicos vivendo no mundo real, nos dias atuais. Por causa disso, já comecei a assistir a série cheio de preconceitos. Eu já tinha, na minha cabeça, decidido que “Once” era uma cópia de Fábulas e pronto. Ledo engano. São duas histórias totalmente diferentes, apesar da premissa parecida.
Na série, os personagens foram privados de seus “finais felizes”, e trancados na mais cruel das prisões: o esquecimento. Em um mundo que não é seu, vivendo vidas que não deveriam ser as suas. Onde a única que mantém alguma satisfação, é a causadora da tragédia, Regina. A Rainha Má. Mas será que isso lhe trouxe realmente felicidade?
Espelho, espelho meu…
A trama central acontece no que seria uma continuação da história da Branca de Neve, depois dela ser despertada pelo beijo do Príncipe Encantado, que quebrou o feitiço da maçã envenenada. A maldição não foi quebrada pelo beijo em si, mas pelo amor entre eles. O amor, segundo dizem, é a magia mais poderosa de todas e pode quebrar qualquer maldição.
Mas a Rainha Má não desiste, e usa todos os seus recursos para concretizar sua vingança. Ela barganha com o misterioso Rumpelstiltskin uma poderosa maldição… a mais cruel e perversa de todas. Afinal, matar os inimigos nunca foi a intenção da rainha, a não ser que fosse necessário. E ela não quer para Branca de Neve um castigo simples como a morte, quer vê-la sofrer. Nem que para isso tenha que sacrificar aquilo que mais ama, e amaldiçoe todo o Reino no processo.
Por que tanto ódio dessa mulher por Branca? Ela alega que sua enteada destruiu a sua felicidade. E, sim. Isso é verdade.
Regina e sua fruta preferida.
A maldição da Rainha Má se concretiza na forma da cidade de Storybrooke, para onde todos os personagens foram banidos. A cidade fica no “mundo real”, um lugar sem magia… e muito sem graça. Lá, o tempo não passa (mas ninguém se dá conta disso), a vida não segue e eles não fazem ideia de quem realmente foram no passado. E Regina continua em posição de poder, como prefeita da cidade, fazendo gato e sapato de todos.
Todos agora têm outros nomes, novas profissões e um papel a cumprir na cidade… e invariavelmente suas vidas são monótonas e vazias.  Branca de Neve, por exemplo, agora acredita ser Mary Margaret, uma professora frustrada, em uma busca infrutífera pelo verdadeiro amor, mas sempre amargando uma terrível solidão.
Mas toda maldição pode ser quebrada. E os finais felizes ainda podem ser resgatados.
Basta acreditar.
A esperança para os cidadãos de Storybrooke existe, e o nome dela é Emma Swan. A filha de Branca e do Príncipe, agora com vinte e oito anos de idade… o que, acaba causando estranheza, uma vez que ela aparenta ter hoje a mesma idade de seus pais, já que eles não envelheceram nem um dia devido a maldição. Emma chega na cidade trazida por Henry, um garoto que revela ser filho dela. Emma o entregou para adoção, e hoje ele vive com sua mãe adotiva, a prefeita da cidade…
Henry de alguma forma sabe de toda a verdade, e ele tem um livro, que conta todas as histórias dos personagens que vivem no lugar, e quem eles realmente foram. O garoto está convencido que Emma é a única capaz de fazer as coisas voltarem a ser o que eram antes… e ela, por outro lado, só que aproveitar essa segunda chance e se reaproximar de seu filho.
Henry e Emma
Conforme a história avança, vamos conhecendo o passado dos personagens através de flashbacks – a maioria tendo o livro de Henry com fio condutor. Nesses flashbacks, ficamos sabendo que a maioria dos contos de fadas (ou todos?) se passam no mesmo Reino; e mesmo quando não acontecem no mesmo mundo, tem alguma ligação, como no caso do Chapeleiro Louco que pode usar seu chapéu mágico para viajar para outros Reinos, o que evidentemente inclui o País das Maravilhas.
João, Maria e a bruaca.
Algumas curiosidades acontecem quando, numa ótima sacada dos roteiristas, as histórias se conectam de forma a tornar-se algo coerente. Mais ou menos como acontece na série em quadrinhos “Fábulas”, mas repito, são histórias distintas e podem (devem) ser apreciadas separadamente sem se cair no sono eterno do tédio. Essa junção dos contos é tão bem construída que me faz pensar se originalmente esses contos não teriam sido escritos dessa forma e posteriormente separados. Por exemplo, o ser no espelho mágico da Rainha Má, havia sido o gênio da lâmpada, que fora libertado pelo bondoso Rei Leopoldo, pai de Branca, mas no fim das contas, apenas trocou uma prisão pela outra. A famosa maçã envenenada estava guardada na casa de doces da fábula de João e Maria, e um dos grandes (e carismáticos) vilões da série, o famigerado Rumpelstiltskin também funcionou como a Fera, de “A Bela e a Fera”. Alias, nessa série, os vilões roubam a cena. Não tem como não ficar fascinado com as insanidades da deslumbrante Rainha Má, ou evitar o sentimento de “Ih, agora ferrou tudo” quando Rumpelstiltskin começa a barganhar…
(Ah, falando em Rumpelstiltskin, o nome dele é bem fácil de pronunciar! Vamos lá: Rum – po – sel – tis – kin! Muito bem! Agora que ensinei isso, vocês me devem um favor… hehehehehe…).
É, Branca… você mexeu com a madrasta errada!
O Príncipe Encantado também ganhou desenvolvimento na série e um passado curioso: na verdade, quem se apaixonou por Branca de Neve foi o irmão gêmeo do príncipe, criado como camponês e que nem fazia ideia da existência de seu irmão na realeza. Tudo fruto de uma das trocas de Rumpelstiltskin, quando a mãe dos meninos entregou um deles ainda bebê pela fazenda que em que mora. Mas com a morte do príncipe herdeiro, seu irmão foi procurado pelo rei, e convencido a participar de uma farsa, assumindo o lugar do gêmeo. Mas a farsa em se tornar um príncipe da noite para o dia relevou algumas complicações envolvendo a caça de um dragão e a promessa de casamento com a filha do Rei Midas (esse mesmo, que transforma tudo que toca em ouro). A união dos reinos traria prosperidade e evitaria a guerra… mas no meio do caminho havia uma fugitiva… e assim começaria a história de Branca e Encantado, lutando contra o impossível para ficarem juntos. E quando finalmente conseguem e estão prestes a viver felizes para sempre, são engolidos pela maldição… a última página do livro se fecha e eles acordam na bem sucedida série de tevê Once Upon a Time…
Enteada e madrasta acertando as contas.
E é aí que entra Emma. Sendo filha de Branca de Neve e do Príncipe Encantado, ela é o fruto de seu amor verdadeiro, e a chave capaz de quebrar a maldição e permitir que todos sejam libertos e possam voltar para casa. Mas para isso acontecer, Emma precisa abrir seu coração e sua mente para aquilo que parece impossível… e acreditar que as histórias no livro de Henry são verdadeiras…
Depois de uma primeira temporada bem sucedida, Once Upon a Time já estreia uma nova, e pelo andar da carruagem (trocadilho besta…) deve seguir ainda por um bom tempo semeando novas histórias, com novos personagens e novas aventuras para novas gerações, como foi uma vez, e será ainda, muitas vezes no futuro.
Pois, enquanto houver boas histórias, o encanto nunca se quebrará.
Felizes para sempre?
Quer mais Once Upon a Time?
Clique nos nomes para ler o que RODRIGO BROILO e LETICIA FIUZA têm a contar!

O Conto de Rumpelstiltskin


Era uma vez um moleiro pobre que tinha uma filha muito bela. Um dia aconteceu de ter que ir falar com o rei e, para parecer mais importante, disse:
- Tenho uma filha que pode fiar a palha e convertê-la em ouro.
- Essa é uma habilidade que me impressiona – disse o rei ao moleiro – se tua filha é tão hábil como dizes, traga-a amanhã ao meu palácio e vamos ver isso.
Quando trouxeram a garota, o rei a levou para um quarto cheio de palha, deu-lhe uma roca e uma bobina e disse:
- Trabalha e, se amanhã pela manhã não tiveres convertido toda essa palha em ouro, durante a noite, morrerás.
Então ele mesmo fechou à porta a chave e a deixou só. A filha do moleiro se sentou sem poder fazer nada para salvar sua vida. Não tinha a menor ideia de como fiar a palha e convertê-la em ouro, e se assustava cada vez mais, até que por fim começou a chorar.
Porém, de repente a porta se abriu e entrou um homenzinho:
- Boa tarde, senhorita moleira, por que estás chorando tanto?
- Ai de mim – disse a garota – tenho que fiar essa palha e convertê-la em ouro. Porém não sei como fazê-lo.
- O que me dás – disse o homenzinho – se fizer isso por ti?
- Meu colar, disse ela.
O homenzinho pegou o colar, sentou-se à roca e whirr, whirr, whirr… três voltas e a bobina estava cheia.
Pôs outra e whirr, whirr, whirr…  três voltas e a segunda estava cheia também. E seguiu assim até o amanhecer, quando toda palha estava fiada e todas as bobinas cheias de ouro.
Ao despertar o dia o rei já estava ali, e quando viu o ouro ficou atônito e encantado, porém seu coração se tornou mais avarento. Levou a filha do moleiro a outra sala, muito maior e cheia de palha e lhe ordenou que fiasse a noite inteira, se apreciava a vida.
A garota que não sabia o que fazer, estava chorando quando a porta se abriu de novo. O homenzinho apareceu e disse:
- Que me darás se eu converter essa palha em ouro? – perguntou ele.
- O anel que levo em meu dedo – disse ela.
O homenzinho apanhou o anel e começou outra vez a girar a roca, e pela manhã havia fiado toda a palha e a convertido em brilhante ouro. O rei ficou felicíssimo quando viu aquilo. Porém como não tinha ouro suficiente, levou a filha do moleiro à outra sala cheia de palha, muito maior que a anterior, e disse:
- Tens que fiar isso durante esta noite, se conseguires, serás minha esposa.
“Apesar de ser a filha de um moleiro” – pensou o rei, – “não poderei encontrar esposa mais rica no mundo”
Quando a garota ficou só, o homenzinho apareceu pela terceira vez, e disse:
- Que me darás se fiar a palha desta vez?
- Não tenho mais nada para te dar – respondeu a garota.
- Então me prometa, que se te tornares rainha, me darás teu primeiro filho.
“Quem sabe se isso ocorrerá alguma vez”. – pensou a filha do moleiro. E não sabendo como sair daquela situação, prometeu ao homenzinho o que ele queria e uma vez mais a palha foi convertida em ouro.
Quando o rei chegou pela manhã, e encontrou todo o ouro que havia desejado, casou-se com ela e a preciosa filha do moleiro tornou-se rainha.
Um ano depois, trouxe ao mundo um belo menino, e em nenhum momento se lembrou do homenzinho. Porém, de repente, veio ao seu quarto e lhe disse:
- Dá-me o que prometeste.
A rainha estava horrorizada e lhe ofereceu todas as riquezas do reino para deixar seu filho. Porém o homenzinho disse:
- Não. Algo vivo vale para mim mais que todos os tesouros do mundo.
A rainha começou a se lamentar e chorar tanto que o homenzinho se compadeceu dela:
- Te darei três dias – disse – se descobrires meu nome, então ficarás com teu filho.
Então a rainha passou toda a noite pensando em todos os nomes que tinha ouvido, e mandou um mensageiro a todos os cantos do reino para perguntar por todos os nomes que havia. Quando o homenzinho chegou no dia seguinte, ela começou: Gaspar, Melquior, Baltazar… Disse um atrás do outro, todos os nomes que sabia, porém a cada um o homenzinho dizia:
- Esse não é meu nome.
No segundo dia havia perguntado aos vizinhos seus nomes, e ela repetiu os mais curiosos e pouco comuns:
- Seria teu nome Pata de Cordeiro ou Laço Largo?
Porém ele disse:
- Esse não é meu nome.
Ao terceiro dia o mensageiro voltou e disse:
- Não encontrei nenhum nome. Porém, quando subia uma grande montanha ao final de um bosque, onde a raposa e a lebre se desejam boas noites, ali vi um homenzinho muito ridículo saltando.. Deu um cabriola e gritou:
“Ontem bebi vinho, hoje bebo cerveja, amanhã o sangue real e nada de mal me aconteça. Que bom ninguém saber que meu nome é Rumpelstiltskin”!
Podeis imaginar o contentamento da rainha quando escutou o nome. E quando logo em seguida o chegou o homenzinho e perguntou:
- Bem, jovem rainha, qual é meu nome?
A rainha primeiro disse:
- Te chamas Conrado?
- Não.
-Te chamas Henry?
- Não.
- Quem sabe teu nome é Rumpelstiltskin?
- Contou-te o demônio! Contou-te o demônio! Gritou o homenzinho e, na sua raiva, bateu o pé direito na terra tão forte que entrou toda a perna e quando tirou com raiva a perna, com as duas mãos, se partiu em dois.
No dia seguinte a rainha estava contemplando o reino junto de seu filho quando, de repente, o rei entrou aflito no aposento:
— Minha rainha! Que bom que te encontrei! Por favor, venha aqui! – Disse ele enquanto tirava o bebê de seu colo.
A mulher o seguiu até uma grande porta.
— Entre aí. – Ordenou o rei.
Ela obedeceu e entrou na sala. Ao ver o que era, seu coração se acelerou.
— Todo o nosso ouro desapareceu! Não sei como um ladrão conseguiu levar tudo aquilo! Fie mais! Já sabe, você tem até o amanhecer para fiar ou nunca mais verá nosso filho.
O rei fechou a porta com incrível frieza e a moça só pôde ouvir o choro de seu filho se afastando pelo corredor.
Novamente, ela sentou-se sobre um monte de palha e começou a chorar, mas naquela noite Rumpelstiltskin não apareceu…

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